Tradução automática do Google Tradutor ou outros sítios gratuitos de tradução online– sim ou não?
Por mim, não… E parece que já estou a ouvir:
- ”Ah! Pudera! É tradutora”.
Ao que respondo:
- “Não só, mas também….”E ouço:“
- Hein?! Então não é totalmente contra?!”
De facto, para quebrar significado pode servir – para perceber de que fala um texto, qual o seu tema principal. Mas para uso profissional? Definitivamente não!
Um exemplo Inglês-Português:
“A sociology expert at the University of Wisconsin-Milwaukee said she thinks implanting microchips into employees and all people is the wave of the future.”“Uma especialista em sociologia da Universidade de Wisconsin-Milwaukee disse que pensa implantar microchips em funcionários e todas as pessoas são a onda do futuro.”
Análise:
expert – especialista ou perito/a – o feminino é confirmado pelo pronome pessoal que antecede o verbo “she thinks” – “ela pensa”.
implanting – ainda que represente o particípio presente (implantando), em inglês é utilizado no lugar do infinitivo (implantar).
“wave of the future” – expressão que à letra significa “onda do futuro”, mas que sendo uma expressão idiomática em inglês significa “uma ideia, produto ou movimento encarado como a representação de uma força ou tendência que acabará por se implementar e prevalecer”. O que nesta frase é a tendência é a implantação dos microchips e não as pessoas.
Assim, uma proposta de tradução é: “Uma perita em sociologia da Universidade de Wisconsin-Milwaukee acredita que implantar microchips, não só em colaboradores mas em todas as pessoas, é uma tendência que veio para ficar.”
Conclusão:
Com a tradução automática ficámos a saber quem fala sobre o quê – uma perita fala sobre a implantação de microchips em pessoas. Mas teríamos mesmo compreendido o que a perita pretendia dizer?
Neste caso, traduzimos de inglês para português, língua que conhecemos desde que nascemos. Mas imagine se fosse o contrário – que mal-entendidos poderiam ter nascido da mera tradução e publicação, porque não identificámos as subtilezas de ambas as línguas?
Curiosidade:
Se simplesmente pedirmos ao tradutor automático que traduza de volta (neste caso do português traduzido por si para o inglês), este é o resultado: “A University of Wisconsin-Milwaukee sociology expert said he plans to deploy microchips to employees and that all people are the wave of the future” – digamos que… não é exactamente a mesma coisa. Logo à partida, muda o género do falante…
Este é apenas um dos muitos exemplos do que pode acontecer. Conhecer as línguas e os termos dicionarizados não chega – todas as línguas têm expressões idiomáticas que não são transponíveis directamente entre si, porque nasceram de situações culturais e só o ser humano, por enquanto, tem a capacidade de distinguir o que é literal do que é metafórico, eufemístico ou outro.
Por isso, a minha resposta à questão inicial mantém-se: nim…Para saber do que se trata – (talvez) sim. Para utilização profissional - não.